Quando digo que gastei 600 reais com livros, todos me
chamam de otário; e, quando sigo para o término da frase aonde digo que 300
reais foram apenas para livros que já li, mas que quero deixar na estante, dizem
que sou louco.
“Nunca que eu faria isso”, disseram-me. Indignados: isto
é coisa de gente maluca! E continuam:
– O que vai fazer com tantos
livros?
– Que tal, ler? – Respondo, naturalmente.
O clima fica denso. Os olhares se cruzam suspeitos como
se perguntassem mentalmente uns para os outros “o que é isso?”.
A novidade é que isso já não é novidade. Provavelmente
chegaremos, mais cedo ou mais tarde, num futuro onde a necessidade de ler seja
apenas futilidade. Não acredito que será tão rápido assim, mas nem que tarde a
chegar. (Colocarei culpa principalmente nas livrarias que cobram preços
absurdos nos livros, e em CDs também). Os sebos, às vezes, são dádivas dos
deuses, assim como poucas, bem poucas bibliotecas – e desenvolvam vocês, cada
um por si, um jeito, uma maneira de retirar os livros desses lugares, de uma
vez por todas, e os guardem em suas casas e se possível os leiam. O mais legal
disso tudo é, que quando não houver mais locais com livros, poderemos todos
montar uma sociedade e nos matarmos de mãos dadas.
– Por que não juntou
esse dinheiro para comprar algo melhor?
– A biqueira tava
fechada.
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