21.4.15

A vida me cobra, com consequências, uma divida que não posso pagar

            Quando digo que gastei 600 reais com livros, todos me chamam de otário; e, quando sigo para o término da frase aonde digo que 300 reais foram apenas para livros que já li, mas que quero deixar na estante, dizem que sou louco.

            “Nunca que eu faria isso”, disseram-me. Indignados: isto é coisa de gente maluca! E continuam:

– O que vai fazer com tantos livros?

– Que tal, ler? – Respondo, naturalmente.

            O clima fica denso. Os olhares se cruzam suspeitos como se perguntassem mentalmente uns para os outros “o que é isso?”.

            A novidade é que isso já não é novidade. Provavelmente chegaremos, mais cedo ou mais tarde, num futuro onde a necessidade de ler seja apenas futilidade. Não acredito que será tão rápido assim, mas nem que tarde a chegar. (Colocarei culpa principalmente nas livrarias que cobram preços absurdos nos livros, e em CDs também). Os sebos, às vezes, são dádivas dos deuses, assim como poucas, bem poucas bibliotecas – e desenvolvam vocês, cada um por si, um jeito, uma maneira de retirar os livros desses lugares, de uma vez por todas, e os guardem em suas casas e se possível os leiam. O mais legal disso tudo é, que quando não houver mais locais com livros, poderemos todos montar uma sociedade e nos matarmos de mãos dadas.

– Por que não juntou esse dinheiro para comprar algo melhor?

– A biqueira tava fechada. 

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